F-20 Tigershark - um caça para o século XXI

O projeto do F-20 Tigershark surgiu como uma evolução natural do F-5E.
Utilizando um tubofan F404 de 8 toneladas de empuxo e aviônica moderna deu
mostras de poder rivalizar com caças como o F-16 e F-18, a um custo mais
acessível. Se mostrou imbatível como caça de reação rápida podendo
estar no ar, com todos os sistemas a postos, em apenas 60s. É também, sem
dúvida, o caça moderno com menores custos de manutenção por hora voada.

Veja abaxo alguns dados comparativos:

 

F-5E

F-20

F-16C

Velocidade
máxima (alto)

1.64

2.00

2.00

Velocidade
máxima (baixo)

0.95

1.20

1.20

Razão de
subida (m/s)
174 273 254
Raio de ação
caça (hi-hi)
< 500 713 925
Carga máxima
externa (tons)
3.2 4.0 9.3
Peso vazio (tons) 4.4 6.1 8.2
Peso de decolagem
(configuração caça)
5.7 7.3 10.5
Peso máximo de
decolagem
6.7 8.5 12.0

Pela tabela acima percebe-se que o F-20 coloca-se em uma categoria interme-
diária entre o F-5 e o F-16. O desempenho em combate aéreo está em igualdade
com o F-16, porém em raio de ação e capacidade de carga está em um nível in-
ferior, semelhante ao AMX.

F-20 voando baixo,
sobre o deserto norte-americano, portando 5 bombas de 227kg, tanques subalares e mís-
seis Sidewinder. Apesar de otimizado para combate aéreo, o F-20 pode transportar uma
boa carga de armas, incluindo bombas inteligentes e mísseis guiados de todo tipo, aten-
dendo plenamente às necessidades de ataque de forças aéreas menores.

Porém, o insucesso comercial do Tigershark não se deveu a esta análise fria
dos números. O fato é que caças como o F-18 e principalmente o F-16 já
haviam conquistado a confiança dos possíveis compradores. Além disso, as en-
comendas das Forças Armadas dos EUA garantiram uma escala de produção
que reduzia os custos unitários. Assim, F-20 só seria viável se recebesse ao
menos uma grande encomenda. Em isto não acontecendo o projeto foi abando-
nado.

Hoje, pouco mais de dez anos após o abandono do projeto, a mudança do pano-
rama geopolítico talvez traga nova esperaça ao F-20. A Rússia está em franca
decadência e existem fortes dúvidas se sua indústria bélica sobreviverá. Os
EUA hoje se preparam para rápidas intervenções militares, apoiadas pela ONU,
onde os atores principais serão aviões furtivos e armas inteligentes. Durante a
Guerra do Golfo, caças como o F-16 e o F-18, mesmo que presentes em grande
número, foram meros coadjuvantes ao lado de F-117, F-15E e mísseis
Tomahawk, estes sim determinaram a rápida derota iraquiana. O caminho esco-
lhidos pelos norte-americano é o de derrotar seus inimigos com pequenos gru-
pos de vetores de alta tecnologia, garantindo pouco impacto negativo na opinião
pública ao arriscar o mínimo possível a vida de militares americanos. Não sur-
preenderá se grandes lotes de F-16/F-18 sejam repassados a outros países. Po-
rém, estes caças de segunda mão não poderão permanecer mais de duas décadas
em operação, e já se começam a estudar aeronaves para substituí-los, assim co-
mo a seus contemporâneos (Mirage 2000,por exemplo).

Três caças vêem sendo desenvolvidos na Europa Ocidental com esta finalidade:
Eurofighter 2000, Rafale e Gripen. Além de haverem dúvidas do quão melhor é
o desempenho destas aeronaves em relação à geração anterior de caças, seu
desenvolvimento está sendo absurdamente caro e demorado, especialmente nos
dois primeiros. Mesmo o Gripen, uma aeronave moderna, mas mais modesta, é
bem mais caro que os aparelhos da geração anterior. Mesmo que continuem a
ser produzidas versões atualizadas do F-16 e Mirage 2000, haverá uma enorme
lacuna entre estes e uma opção mais barata, que se restringe a treinadores a jato
adaptados, como o Hawk 200. É importante notar que a esta altura caças F-1,
MIG-21 e F-5 modernizados estarão definitivamente fora de operação.
Esse contexto coloca o F-20 novamente como uma opção interessante, ofere-
cendo ótimo desempenho, especialmente para países em desenvolvimento
como o Brasil, que desejam desenvolver sua base industrial aeronáutica.

Qualquer país que se interesse em adquirir uma licença de produção deste caça
certamente o fará a um baixo custo (o F-20 hoje é um projeto esquecido). Pou-
pando-se os gastos com desenvolvimento de um caça novo, o F-20 seria uma
aeronave economicamente viável e lucrativa para nosso país. A sofisticação
tecnológica do projeto não difere muito do AMX e não teriamos dificuldade de
produzí-lo aquí. Além disso, países como Chile e Argentina certamente se
interessariam em uma parceria na produção, o que marcaria também um grande
avanço na integração econômica e política da América do Sul.

Os militares brasileiros hoje reconhecem que não é possível desenvolver e pro-
duzir um novo caça para atender às nossas necessidades. E a demanda por
caças modernos na América Latina supera uma centena de unidades, apenas
para repor as unidades já existentes, suficiente para justificar uma produção li-
cenciada.

O F-20 seria muito mais que uma aeronave adequada às nossas necessidades!
Seria um ótimo negócio!