DIRIGÍVEIS

Em 1901, um brasileiro chamado Santos Dumont demonstrou pela primeira vez o vôo controlado de uma aeronave, não em um avião, mas em um dirigível. Depois disso, o uso destes aparelhos se popularizou. Na 1a Guerra Mundial, os zepelins alemães não só foram usados no reconhecimento como também em bombardeios ao Reino Unido. No período entre guerras, o uso do hidrogênio (um gás altamente inflamável) determinou o fim do uso dos grandes dirigíveis como transportes transatlânticos de luxo, com a destruição do Hindenburg em 1937. Porém, durante a 2a Guerra Mundial, os norte-americanos substituíram o hidrogênio pelo hélio (os norte-americanos, aliás, detinham o monopólio mundial deste gás nobre, não-inflamável) e utilizaram seus pequenos "blimps" em patrulhas anti-submarinas, sendo que nenhum navio foi perdido em comboios escoltados por estes dirigíveis. Depois da guerra estas aronaves mais leves do que o ar parecem ter caído no esquecimento.

Porém, com o advento de novos materiais e outras tecnologias aliados a preocupações ecológicas, ressurge o interesse pelos dirigíveis. Além de uso civis, como transporte de carga e passageiros, policiamento e telejornalismo, indústrias produtoras de dirigíveis começam a oferecer versões militares de seus modelos. A própria Marinha dos EUA chegou a estudar o projeto de um enorme dirgível de grande autonomia, desempenhando funções de AEW, ASW e coordenando unidades aéreas e navais.

Dirigíveis mais modestos, de baixo custo, podem transportar cargas úteis de mais de 1000Kg, com autonomia de mais de 24 horas a velocidades de cruzeiro de 25-30 nós e o dobro de velocidade máxima. Tais modelos, já existentes, poderiam ser facilmente equipados com radares de vigilância tornando-se aeronaves de patrulha naval com uma relação custo-benefício muito superior ao de aviões convencionais e helicópteros, podendo ser usados em patrulhamento marítimo, policiamento costeiro, busca e salvamento, e proteção à pesca. Um aparelho como este seria ideal para países com grandes extensões litorâneas, como o Brasil. A Amazônia também seria um lugar ideal para o uso de dirigíveis, tanto para transporte como para vigilância terrestre.

Outra possibilidade são pequenos dirigíveis não-tripulados, controlados à distância, que por não estarem limitados pela fadiga da tripulação poderiam permanecer no ar por vários dias em patrulha.

A American Blimp Corporation, é uma das empresas que propõe versões militares de dirigíveis para funções de patrulhamento marítimo e vigilânicia de fronteira, além de vários modelos civis.

Dirigíveis mais sofisticados poderiam receber além do radar de busca, um FLIR, sonobóias e detectores de anomalias magnéticas, ou um sonar de mergulho. Surgiria uma versão ASW, equipada com torpedos e mísseis. Hoje, o combate antisubmarino em águas rasas e litorâneas ganha cada vez mais importância. À pouca distância do litoral a rapidez de resposta dos helicópteros e aviões de patrulha tem pouco valor, ou contrário da autonomia de missão, no qual o dirigível é imbatível. A baixa velocidade que o dirigível desenvolve é compensada pela reduzida assinatura de radar, mas mesmo assim se faz necessária a cobertura de caças ou navios para que o dirigível opere à salvo de interceptação por parte do inimigo, se esta ameaça existir, o que todavia também vale para os helicópteros e aviões ASW.

Só o futuro dirá se os dirigíveis voltarão a povoar nossos céus, mas as chances não são pequenas.