MAA-1 Piranha
O Piranha é um míssel ar-ar de curto alcance guiado por infravermelho, sendo o primeiro armamento inteligente inteiramente desenvolvido no Brasil. O seu desenvolvimento porém se iniciou em 1976 (a 22 anos atrás!), passando de mão em mão entre várias empresas que assumiram o projeto e depois o abandonaram, até que a Mectron se responsabilizou pelo MAA-1 em 93. Além dos gastos das empresas envolvidas, o Ministério da Aeronáutica desembolsou US$ 29 milhões para ter o projeto concretizado, um valor relativamente pequeno.
O Piranha ocupa um segmento altamente competitivo de armamento militar, com a participação de vários países. Apesar de Rússia, EUA, Israel e França terem a liderança tecnológica e de vendas, países como China e África do Sul também participam do mercado.
As informações divulgadas do Piranha indicam um alcance de
8km, com cerca 80kg de peso total e uma ogiva explosiva de 20kg.
O preço sugerido é de US$100 mil por unidade.
O parâmetro normal de comparação é o Sidewinder
norte-americano que vêm sendo produzido à décadas, em
diferentes versões. Em comparação aos últimos modelos do
Sidewinder o nosso Piranha tem um alcance pequeno e uma ogiva 50%
mais pesada, o que pode refletir uma deficiência no mecanismo de
busca e nos detonadores de proximidade. Assim o MAA-1 ficaria em
uma categoria inferior em relação aos mísseis ar-ar mais
modernos de sua categoria, o que pode ser confirmado na
aquisição pela FAB de um lote de Python III israelenses apesar
da homologação do Piranha.
Então o Piranha é um fracasso?
Errado! O Piranha atende aos requisitos necessários para armar o ALX e também pode ser utilizado nos jatos de primeira linha, combinado com mísseis mais sofisticados. Ou seja, ainda teremos de importar mísseis ar-ar. Mas em menor quantidade, o que poupa recursos e incentiva a indústria bélica nacional.
O MAA-1 Piranha possui desempenho adequado para
equipar o ALX, tanto em missões de patrulha ou como para
autodefesa em missões de ataque. Também pode ser utilizado por
interceptadores, em combinação com outros misseis ar-ar mais
modernos.
E mais importante que isso, abre-se a possibilidade do
desenvolvimento de uma família de mísseis com amplo uso em
nossas forças armadas. O primeiro desenvolvimento a partir da
versão ar-ar é uma versão terra-ar e mar-ar já sugerida pela
Mectron. Essa versão seria semelhante ao Chaparral
norte-americano desenvolvido a partir do Sidewinder.
No uso terra-ar seria utilizado na proteção de aeroportos e
outros alvos estratégicos. Combinado com canhões, que são
ideais contra alvos em vôo rasante, o Piranha se encarregaria
dos alvos voando mais alto, que atacam seus alvos com bombas
guiadas a laser. Na Guerra do Golfo, as forças da coalisão
atacaram as bases aéreas iraquianas inicialmente em vôos
rasantes, onde alguns Tornados foram abatidos pelos canhões
antiaéreos. Apesar dos esforços de supressão de defesas, parte
da artilharia antiaérea iraquiana permaneceu operacional mesmo
que sem um sistema de alerta aéreo antecipado. Como os mísseis
de médio alcance, controlados por radar, já tinham sido postos
fora de ação, optou-se por ataques à média altitude usando
bombas Paveway que se mostraram muito eficientes. O Piranha
entretanto é um míssel orientado passivamente e de reação
rápida que pode ser usado mesmo com um sistema de radar
desabilitado.
No uso naval, combinado com canhões CIWS (Goalkeeper, Phalanx,
etc), poderia ser uma opção de baixo custo para outros
mísseis, como Aspide e Seawolf. Abrindo mão da capacidade
anti-míssel poderia equipar corvetas e fragatas pequenas,
cobrindo todo o envelope de defesa aérea de curto alcance.
O potencial do MAA-1 Piranha em plataformas terrestres ou
navais é muito grande.
Outro uso seria um míssel anti-radar leve, semelhante ao Sidearm (também desenvolvido a partir do onipresente Sidewinder). O pequeno tamanho do Piranha permite que complemente a carga bélica de aviões em missão ataque (como o ALX e o AMX) agindo em frequências pré-programas, já conhecidas antes da decolagem. Misseis antiradiação, porém, tem uma sofisticação que a nossa indústria bélica ainda não domina, exigindo a parceria de um outro país no projeto, disposto a transferir esses conhecimentos ou de investir conjuntamente para conseguí-los.
Aguardamos então que o futuro no nosso MAA-1 Piranha seja de sucesso e de que a aceitação no mercado externo seja boa, o que é vital para a continuidade do projeto.