Corvetas e lanchas de ataque

Novas tendências

 

A combinação de mísseis antinavios com barcos de pequeno deslocamento e alta velocidade se tornou uma séria ameaça aos grandes navios de guerra a partir dos anos 60. Mísseis como o Exocet podem ser lançados com eficiência, tanto de um cruzador como de uma lancha de ataque de 200 toneladas. Porém, os helicópteros equipados com mísseis antinavio, partindo de fragatas e destróiers, vem colocando em xeque a utilidade destas pequenas unidades de combate.

Já na Guerra das Malvinas, os ingleses mostraram o poderio da combinação Lynx-Sea Skua acertando 100% dos alvos engajados. Na Guerra do Golfo tornou-se claro que as lanchas de ataque não eram capazes de se defender deste tipo de ataque. Barcos como o TNC-45 usado pelo Iraque, normalmente são equipados como canhões médios (76mm) ou de menor calibre, incapazes de atingir um Lynx enquanto este ilumina seu alvo para os Sea Skua. A pequena ogiva deste míssel não é capaz de por à pique uma lancha de ataque, mas um ou dois mísseis são suficientes para colocá-la fora de combate.


A combinação Lynx-Sea Skua parece ter condenado à extinção as lanchas de ataque

Na tentativa de prover estes barcos com melhores defesas, os últimos projetos vem incorporando armas antiaéreas e antimíssel mais eficientes. Qatar encomendou ao estaleiro Vosper, quatro barcos de patulha rápidos denominados classe Vita. Além dos onipresentes Exocet e Oto Melara de 76 mm, os barcos da classe Vita estão armados com um sistema antimíssel Goalkeeper de 30mm, um lançador sêxtuplo de mísseis Mistral e um completo sistema contramedidas eletrônicas. O deslocamento chega a 450 toneladas e o custo unitário é bem mais elevado do que as lanchas de ataque menores, mas ainda falta uma contramedida adequada contra helicópteros de ataque e pequenos mísseis antinavio. Se faz necessária incorporação de mísseis antiaéreos de maior alcance, que somado a outras necessidades da guerra moderna, gera barcos maiores que não podem mais ser chamados de lanchas de ataque mas sim de corvetas.

Já está em início de produção para a marinha sueca uma nova classe de corvetas (classe Visby) de 600 toneladas. Com características furtivas que reduzem a menos da metade a distância de detecção por meios ativos ou passivos, estas corvetas desempenharão funções antinavio, antisubmarino e de minagem/contraminagem no próximo século. O casco e a superestrutura são de materiais compostos, resistentes, não-magnéticos e com baixa reflexão de ondas de radar. Movido por turbinas a gás e motores diesel, não utiliza hélices, mas sim jatos de água para se deslocar, reduzindo o nível de ruído produzido abaixo da linha da água. Uma plataforma na popa permite o pouso de helicópteros. Será equipada com um canhão de 57mm, misséis antinavio e torpedos. A defesa antiaérea é feita por mísseis BAMSE otimizado para combater helicópteros. A primeira unidade deverá entrar em operação em 1999.


O projeto sueco Visby incorpora características furtivas a corvetas de 600 toneladas, aptas a desempenhar papéis antinavio e antisubmarino em conflitos de alta intensidade do próximo século.

Daqui para frente, como se pode concluir, veremos barcos maiores e mais sofisticados. Se quisermos no prender a terminologias podemos afirmar que as chamadas lanchas de ataque darão lugar às corvetas. Os barcos menores ainda permanecerão com funções secundárias de pratulha marítima, mas para enfrentar navios do porte de fragatas serão necessárias embarcações maiores, mesmo em águas costeiras.