AHL: Helicóptero leve de ataque

 

O desenvolvimento das forças armadas latino-americanas na proteção das fronteiras nacionais e combate ao tráfico ilícito, especialmente de entorpecentes, criou uma forte demanda por vetores de ataque e de vigilância. Um bom exemplo é o projeto brasileiro SIVAM e a adoção do ALX como vetor de ataque e interceptação de pequenas aeronaves de contrabando. Outra necessidade que surge fortemente entre nossos vizinhos é a de helicópteros de ataque adequados ao apoio de forças terrestres e escolta de helicópteros de transporte. Muitos fabricantes vem se interessando por esse mercado, porém as aeronaves oferecidas dificilmente atingirão os requisitos com uma relação custo/benefício atraente.

Helicópteros de ataque como o Bell AH-1 Huey Cobra e o Denel Rooivalk vem sendo oferecidos, mas dificilmente conseguirão encomendas significativas. Criados sob os requisitos de conflitos de alta intensidade e otimizados para a função anti-tanque, estão muito além da capacidade orçamentária de qualquer força armada da América do Sul.

O Exército Brasileiro, de maneira bem realista, se equipou de helicópteros leves armados Esquilo, plataformas mais acessíveis mas que oferecem pouco poder de fogo e proteção. O uso de assentos blindados garante uma proteção insuficiente ao fogo de armas leves e muito menos contra misseis portáteis do tipo Stinger ou Igla. Os casulos de metralhadoras 0.50in e foguetes de 70mm parecem adequados, mas não são adequadamente acompanhados por sistemas de aquisição e pontaria eficazes.


Os requsitos latino-americanos para helicópteros de ataque na atualidade são muito especiais tornando inadequados o uso das aeronaves hoje disponíveis no mercado. Na ilustração acima, um AH-64 Apache (à esquerda) e um Eurocopter Fennec (à direita).

Parece claro que surge então a necessidade de uma aeronave intermediária e uma oportunidade interessante para a industria brasileira acessar um nicho de mercado que até o momento não foi satifeito. Na verdade, não estamos falando de algo completamente novo e podemos nos orientar por conflitos anteriores, como as Guerras do Vietnam, do Afeganistão e das Malvinas.

O mais longo e importante foi sem dúvida no Vietnam, onde surgiu o helicóptero de ataque (com o AH-1 Huey Cobra em sua primeira versão). O combate à guerrilha vietcongue nas florestas do sudeste asiático em muito se assemelha ao combate aos "guerilheiros" do narcotráfico no Peru ou Colômbia. O poder de fogo do Huey Cobra se resumia a foguetes não guiados e armas rotativas de baixo calibre, o que já garantia segurança aos Hueys de transporte de tropas.
Mesmo assim, o projeto do Huey Cobra levava em conta outras ameaças, como veículos de combate pesados, na forma de blindados PT-76 e tanques T-55 e artilharia antiaérea de calibre "leve" (14.5mm e 23mm), fazendo do modelo da Bell um helicóptero mais bem armado e protegido do que seria necessário na América Latina.

Anos depois, a tecnologia evolui e mostrou suas garras nos céus do Afeganistão, onde os Mi-24 Hind sofreram com os misseis Stinger guiados pelo calor. Os mesmo constituem hoje uma ameaça ainda maior.
Se a paisagem desértica permitiu aos helicópteros soviéticos o uso de ataques a média altura (+ de 1000 metros) para se proteger do fogo de terra, por outro lado a densa floresta equatorial exige maior proximidade do solo para a adequada identificação dos alvos - tornando a missão muito mais arriscada.


Pequenos e fáceis de contrabandear, os misseis antiáreos portateis, como o Igla russo mostrado acima, são a maior ameaça aos helicópteros no combate a grupos armados em florestas tropicais.

O conflito nas Malvinas, por sua vez, mostra os riscos no uso de helicópteros leves em combate. Não dispondo de helicópteros de ataque, os ingleses fizeram o uso aeronaves Gazelle equipadas com foguetes e metralhadoras 7.62mm que se mostraram úteis na identificação de alvos e ataque leve. Mesmo equipados com alguma blindagem e extensões nos tubos de escape, dois Gazelles foram abatidos por armas leves e um por um míssel Blowpipe (de fabricação inlgesa). Helicópteros Westland Scout também foram usados com resultados semelhantes, sendo apenas digno de nota adicional o uso de misséis guiados (velhos SS-11) no ataque a bunkers argentinos, com excelentes resultados.

Baseado na experiência acima e nas características peculiares de nossos requisitos, podemos definir alguns pontos fundamentais na aeronave que chamaremos de AHL:

PROTEÇÃO:

PODER DE FOGO:

AVIÔNICA:

Para atendermos aos requsitos acima podemos partir de um helicóptero leve existente, como o Esquilo BiTurbina.
A cabine espaçosa e envidraçada deve ser substituida por uma pequena cabine blindade em tandem, semelhante à do Huey Cobra. O uso de 2 turbinas na faixa de 500shp perminte o transporte uma carga de ataque leve respeitável e garante uma maior resistência do que uma aeronave monoturbina.
Sistemas adequados de aqusisição de alvos e pontaria, já oferecidos em versões de ataque do MD500 Defender e do próprio Eurocopter Fennec, podem ser encontrados em abundância no mercado, sendo leves e acessíveis em termos de preço. Porém, o desenho da aeronave e os sistemas de proteção (blindagem e sistemas anti-míssel) colocam o AHL em outra categoria de desempenho.

Obviamente, como pouca ou nenhuma modifição, essa aeronave poderia atender a outras funções, como o combate anti-tanque, podendo ser deslocada para estas funções caso necessário.
O AHL poderia ser assim útil no apoio da unidades blindadas em coordenação com aeronaves de ataque da força aérea. O binômio Apache/A-10 poderia ser repetido em menor escala com o AHL/ALX, para cenários de menor intensidade. Armados com mísseis guiados, os AHL podem combater veículos antiaéreos e de comando, permitindo a penetração de aeronaves ALX armadas com submunições anti-tanque ou foguetes não-guiados para ataque a tropas.